Se tem uma pessoa que me faz refletir sobre o ato de escrever, esse alguém é o Renato. É claro que muito já foi dito a respeito do processo de criação do texto literário; não se pode ler uma obra pensando apenas como um reflexo do próprio autor, porque se assim o fosse, o que seria a literatura se não um simples recontar de próprias experiências, um mero espelho que refletiria apenas as próprias memórias? Não, definitivamente, literatura é muito mais do que isso.
Por outro lado, não deixo de perceber que, muito do que escrevo diz sobre o que sou, o que leio, o que ouço, o que gosto e, enfim, revela a matéria de que sou constituída. Sendo assim, quando leio uma obra e me reconheço nela, é porque, de alguma forma, aquilo que leio está me lendo também.
Assim, quando me pego em meio as discussões: "Ah não, Renato, esse seu poema tá muito melancólico! Vc anda muito deprê, heim?!" rsrs. E ele me responde: "Não sou eu que ando triste, é meu eu-lírico...", só me resta deixar o seguinte recadinho (usando as palavras de gente grande, é claro!):
"Como nos adverte Jorge Luiz Borges - toda literatura é, finalmente, autobiográfica"- (BORGES apud NEVES, 2004, p. 12).
E Margarida de Souza Neves (2004) acrescenta: "[...] Prenhe de seu autor, o texto nos leva, a cada passo, ao encontro da figura humana de [Renato], de suas idiossincrasias, do estilo do escritor, dos temas que lhe são caros, de seus interlocutores intelectuais, de sua peculiar forma de ler o mundo".
Pois é, Renato, é isso o que digo para você!
Só posso responder isso de uma forma:
ResponderExcluir"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
que chega a fingir que é dor,
a dor que deveras sente!"
Realmente, o poeta finge tão bem que a gente até acredita...
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