sábado, 9 de julho de 2011

Minha reação ao feminismo

Em virtude de algumas leituras medonhas (e que afirmo, desprezíveis) que fiz em um blog totalmente anti-feminista, realizo aqui a minha contestação.
Ao contrário do que muitos pensam, o movimento feminista (cujas origens remontam os EUA e Europa do séc. XIX e XX), não foi uma manifestação de mulheres que almejavam acabar com os homens, que não acreditavam nos valores do casamento e nem dos papéis de esposa e mãe, que muitas de nós estamos destinadas. Não, não é nada disso.
O feminismo, como tantas reações de cunho social, fazia campanhas pelos direitos legais da mulher, pela sua autonomia e integridade, pelos direitos trabalhistas, pela proteção da mulher contra a discriminação e, principalmente, contra a violência (doméstica ou não), licença maternidade, salários iguais, etc.
Ainda que eu seja favorável a todas essas reivindicações,  não considero que muitas das mulheres que se auto-intitulam "amélias" sejam inferiores ou que não merecem nossa admiração. Elas são valiosas para a sociedade sim, porque prezam pela instituição familiar, pela educação e criação dos filhos e pelo apoio aos seus maridos.
Mas acho que já passou da hora de pensarmos que ser mulher (e ser mulher feliz) é só isso, ou que precisa ser só isso, que é só as tarefas domésticas, é só a educação dos filhos, é só acompanhar o marido nas situações socias, etc. Ser mulher é querer ser livre também. Livre para realizar seus sonhos, livre para trabalhar onde quiser, livre para dizer não ao casamento (se for o caso), livre para decidir quantos filhos querer, livre para estudar, livre para viajar, livre para dizer o que pensa, livre para viver da maneira que julgar certa, livre para ser um indivíduo social valorizado e, acima de tudo, livre!!!!!!!! É perfeitamente concebível ser à favor da instituição familiar, do matrimônio, sem precisar ser submissa, ser sempre vista atrelada a figura masculina. Por que as mulheres só são gente quando estão associadas aos homens? O que nos impede de sermos autônomas, independentes? Por acaso nascemos iguais a eles? Por acaso criamos raízes das quais não é correto se libertar? Por acaso querer ter voz própria, pensamentos próprios é errado? Vai contra às leis religiosas, do santissimo sacramento do matrimônio? Acho que ao criar a mulher, não era bem isso o que o SENHOR pensou não.
Eu amo cuidar da minha casa, adoro certas tarefas domésticas, mas amo mais ainda estudar, ter acesso ao conhecimento, àquilo que permite abrir minha mente e me tornar capaz de dialogar com outras visões, outros pontos de vista alheios aos meus; amo poder me formar e ser dona do meu próprio dinheiro; amo poder ter autonomia nas minhas decisões; amo minha independência e, principalmente, minha liberdade, amo ser valorizada, em cada tarefa que realizo, e ser reconhecida por meus próprios méritos, méritos que conquistei (e ainda conquisto), mesmo sendo mulher (ou justamente por ser mulher!!). E amo, acima de tudo, saber que existiram mulheres antes de mim, que levantaram a bandeira de reivindicação e mostraram a sociedade o quanto ser mulher é significativo nesse mundo e que, por isso, é preciso ter leis que nos dêem voz, porque nossa sociedade ainda é pequena demais para reconhecer que a mulher deve ter direitos iguais aos homens, sem que isso seja oficializado juridicamente.
Às que querem ser só Amélias, paciência. Ás que querem ser mais do que isso, porque acreditam na capacidade e no potencial feminino, meus votos de agradecimento. É em vocês que eu acredito.

Um comentário:

  1. Muito bom, Thaís!
    Nossa luta é pela valorização de todas as mulheres que, independente de suas escolhas, têm que ser respeitadas e tratadas com dignidade. Rotular como "Amélia" e fazer disso uma ofensa é, no mínimo, um insulto à nossas mães.

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