quinta-feira, 7 de julho de 2011

"A boa ficção tem muito mais peso do que a modesta realidade".

É com essa frase singela, mas muito significativa, de Maria Luíza de Queiroz (irmã de Rachel) que reconheço o grande caráter da literatura. Talvez seja esse o fator que justifica a grandiosidade de obras literárias de chunho social, que, mesmo abordando temas que nos são tão recorrentes, tão familiares, ainda assim essas obras conseguem nos arrancar de nossos confortos e nos comovem, nos chocam, nos instigam.
Como ler Jorge Amado sem se comover? Sem se sentir tão parte deste mundo e, ao mesmo tempo, tão alheio a ele? Como ler Erico Veríssimo e não se deixar conduzir por uma viagem no tempo, num período em que as cidadezinhas do interior tinham mais valor; num contexto em que a política era questão de honra; numa época em que se tinha gosto por ouvir boas histórias?
Isso tudo é característico na Literatura. Essa transposição para outros lugares, não para perder o leitor, mas justamente para situá-lo naquele contexto que lhe é de origem. Pois ao ler Machado de Assis, se entende o porquê de tantas mulheres usarem a dissimulação como hábito de vida (elas precisavam sobreviver de alguma forma!); é em Graciliano Ramos que se compreende o verdadeiro valor de uma propriedade; e é em Rachel de Queiroz que se aprende a verdadeira alegria de viver: a liberdade (em todos os sentidos que essa palavra consegue abarcar).
Amemos a literatura, então.Pois ela consegue pesar muito mais do que uma singela realidade...

Um comentário:

  1. Nossa, sem dúvida, singelo e de uma profundidade que só você consegue ter quando fala de literatura.

    "A boa ficção tem muito mais peso do que a modesta realidade" talvez porque a boa ficção nada mais passa de uma das possíveis realidades que o ser possui dentro da literatura.


    Muito bom mesmo Thaís! xD

    ps. Publicarei no meu blog! xD

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