Não sei se todos sabem, mas existe a maior discussão entre os críticos literários, a respeito de o romance de 30 ser ou não considerado engajado com as propostas modernistas de 20.
Alguns admitem que na década de 30, o que se fez foi dar um passo à frente na literatura, aproveitando as propostas dos modernistas e imprimindo nelas uma outra forma, mais consistente até, de se retratar a realidade, de se perceber o mundo, dentro, é claro, de uma ótica nacional.
Mas há ainda, os que não consideram o romance de 30 como uma continuidade de idéias anteriores; a literatura nesse período seria então, algo novo, ou como já disseram, seria uma espécie de "novidade na velharia".
Alguns escritores, como Graciliano Ramos, por exemplo, não consideravam as idéias modernistas como algo aproveitável à nossa literatura; de acordo com o autor, as propostas de 20 eram bobagens e não serviam para consolidar nossas letras. Rachel de Queiroz também não se considerava seguidora ortodoxa do projeto literário de 20; algumas coisas foram aproveitadas, mas a forma de se fazer literatura, talvez tenha adquirido de fato uma nova forma, e peculiarizado aquilo que se convencionou chamar de Romance de 30, ou Regionalista, Intimista, Psicológico...
O fato é que, como diz Luís Bueno (e eu concordo plenamente), a literatura do decênio de 30, mostrou-se, ao mesmo tempo, vanguarda e diluição. E nas palavras do autor, "Tal análise, parece-nos, ainda hoje, como essencialmente correta. É fato que a década de 30 deu-nos algumas das obras mais realizadas e alguns dos escritores mais importantes da literatura brasileira".
A literatura contemporânea e os best-sellers americanos, que me desculpem, mas o projeto literário desenvolvido nas décadas de 20 e 30, no Brasil é claro, me fazem pensar o que a literatura é capaz, de fato, de fazer nas nossas vidas. Não serviu apenas só para me tornar consciente de certas realidades concernentes ao contexto social brasileiro, mas serviu também para ver o ser humano sob o viés psicológico e perceber que isso vai muito além de qualquer contexto social, de qualquer cultura ou região. A literatura brasileira desse período abrange todos os tempos, todos os espaços, pois o que ela faz nada mais é do que falar do ser humano. E isso me instiga e me envolve muito...
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