Para mim, Manoel de Barros é, talvez, um dos maiores modernistas que já vi. Embora sua "arte" tenha muito mais de estético do que de ideológico, sinto que seus textos têm um quê de amor, um quê de compaixão pela palavra, pela literatura que é, ao mesmo tempo envolvente e impossível de não se apaixonar...
Assim como ele, também sinto muito afeto por aquilo que os outros não ligam, ou não dão a devida importância. Os romances ditos "menores", ou "muito intimistas", ou sem tanto trabalho com a palavra, é desses que me importo. Pois como Manoel de Barros, "não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão.
[...]
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
[...]
Tenho em mim esse atraso de nascença.
[...]
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas [...]" (BARROS, 2003, p. IX).
E quando digo que compartilho com Manoel esse amor, essa devoção às coisas "não amadas" pelos outros, não quero com isso dizer que sou advogada das obras pobres e oprimidas; ao contrário, quero dizer que valorizo aquela beleza, aquela significância de certos romances que, por algum motivo, nem todos vêem... E como o escritor mesmo diz: " A gente descobre que o tamanho das coisas há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas. Há de ser como acontece com o amor. Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade".
Os livros nos quais eu compartilho um grande nível de intimidade, são para mim, muito grandes. Porque eu descobri o tamanho deles pela devoção e profundidade que eles dividiram comigo...
"O prazer de não fazer nada", é um convite aos amantes de Literatura para apreciar poesia, ensaios, fotografias, artes e muito mais.Para os bons boêmios literários, este é o lugar.Sintam-se à vontade. O espaço aqui é de tutti!
domingo, 25 de dezembro de 2011
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
O Leitor Incomum, Geoge Steiner
Fico impressionada quando leio um texto de George Steiner (2001) sobre um certo leitor incomum. Me delicio a cada palavra que o autor utiliza para se remeter ao sujeito que fica do outro lado do livro, do lado de fora, lendo o que uma outra pessoa escreveu. É incrível isso, não?
Tem gente que passa a vida inteira escrevendo; vive para a literatura e sobrevive exclusivamente dela. E há também os que vivem saboreando as idéias alheias. Eu sou uma delas...
Uma vez, me disseram que pior não era aquele que só escrevia livros; pior mesmo era o que passavam o tempo lendo o que os outros tinham a dizer... Não sei se é totalmente uma perda de tempo.
Para mim, a leitura não é uma simples fuga da realidade (aliás, eu nunca a considerei assim). A literatura na minha vida ocupa um lugar especial e quase que exclusivo, e não me sinto menos viva do que aqueles que aproveitam o tempo "vivendo", ao invés de ler.
Retomando George Steiner (2001), "a leitura (...) não é uma ação casual, impremeditada. Trata-se de um encontro cortês, quase que nobre, entre uma pessoa e uma daquelas "visitas importantes" cuja entrada na casa de simples imortais é evocada (...) "como num dia festivo".
E assim, confirmando o que diz Steiner (2001), diante dos "meus clássicos", me visto com a melhor das minhas vestimentas e me refugio no mais absurdo dos silêncios, para adentrar na ficção, e sofrer com meus personagens as suas dores, suas vitórias... Pois o leitor, "[...] ao fixar momentaneamente seu olhar na palavra escrita, nela procura a chama que lhe incendiará o espírito".
O livro para mim incendia meu espírito!!!!
Tem gente que passa a vida inteira escrevendo; vive para a literatura e sobrevive exclusivamente dela. E há também os que vivem saboreando as idéias alheias. Eu sou uma delas...
Uma vez, me disseram que pior não era aquele que só escrevia livros; pior mesmo era o que passavam o tempo lendo o que os outros tinham a dizer... Não sei se é totalmente uma perda de tempo.
Para mim, a leitura não é uma simples fuga da realidade (aliás, eu nunca a considerei assim). A literatura na minha vida ocupa um lugar especial e quase que exclusivo, e não me sinto menos viva do que aqueles que aproveitam o tempo "vivendo", ao invés de ler.
Retomando George Steiner (2001), "a leitura (...) não é uma ação casual, impremeditada. Trata-se de um encontro cortês, quase que nobre, entre uma pessoa e uma daquelas "visitas importantes" cuja entrada na casa de simples imortais é evocada (...) "como num dia festivo".
E assim, confirmando o que diz Steiner (2001), diante dos "meus clássicos", me visto com a melhor das minhas vestimentas e me refugio no mais absurdo dos silêncios, para adentrar na ficção, e sofrer com meus personagens as suas dores, suas vitórias... Pois o leitor, "[...] ao fixar momentaneamente seu olhar na palavra escrita, nela procura a chama que lhe incendiará o espírito".
O livro para mim incendia meu espírito!!!!
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
domingo, 18 de dezembro de 2011
Por aí...
Estava por aí visitando blogs alheios, à procura de assunto para minhas coluninhas (será que posso chamar assim??) do Dulce, e achei um desenho lindo, de uma "dona" de um blog mais lindo ainda...
Bem, plágios à parte, resolvi aproveitar a imagem e associá-la a uma frase que ouvi ontem à noite, de um artista que faleceu, chamado Sérgio Brito.
Quanto perguntado sobre a arte e seu papel, o ator respondeu:
"A arte não tem que imitar a vida. Tem que interpretá-la, somente".E não seria isso o que, exatamente, temos ouvido de nossos teóricos?
Acho que a frase de Brito vem a calhar muito bem com um autor chamado Honoré de Balzac. Que meus amigos leitores não me deixem mentir, mas em "O Pai Goriot", por exemplo, não percebemos apenas um retrato de uma Paris do século XIX. Não, não é só isso.
O leitor mais atento perceberá um algo mais naquele romance, (um psicologismo, um retrato intimista, profundo e minuncioso do ser humano) e acho que é esse algo mais de que falava Sérgio Brito.
Não imitemos, portanto, a vida. Ela já existe e está aí. Mas agucemos melhor nossos olhares para aproveitarmos, mais concientemente, o que ela nos dá a cada dia...
E quanto à imagem, bem, só achei linda mesmo...
Bem, plágios à parte, resolvi aproveitar a imagem e associá-la a uma frase que ouvi ontem à noite, de um artista que faleceu, chamado Sérgio Brito.
Quanto perguntado sobre a arte e seu papel, o ator respondeu:
"A arte não tem que imitar a vida. Tem que interpretá-la, somente".E não seria isso o que, exatamente, temos ouvido de nossos teóricos?
Acho que a frase de Brito vem a calhar muito bem com um autor chamado Honoré de Balzac. Que meus amigos leitores não me deixem mentir, mas em "O Pai Goriot", por exemplo, não percebemos apenas um retrato de uma Paris do século XIX. Não, não é só isso.
O leitor mais atento perceberá um algo mais naquele romance, (um psicologismo, um retrato intimista, profundo e minuncioso do ser humano) e acho que é esse algo mais de que falava Sérgio Brito.
Não imitemos, portanto, a vida. Ela já existe e está aí. Mas agucemos melhor nossos olhares para aproveitarmos, mais concientemente, o que ela nos dá a cada dia...
E quanto à imagem, bem, só achei linda mesmo...
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
coisas de Menina... Teste: Você conhece as mulheres???
Recado de Helen Palmer [Clarice Lispector] para as mulheres! No Dulce far niente!!!!
Helen Palmer diz:
“Qualidades para tornar a mulher mais sedutora”
Os tempos modernos trouxeram a emancipação da mulher em quase todos os
campos. Eis um grande bem. No entanto, muita confusão se fez em tôrno [sic]
disto e o que se vê é que muitas representantes do sexo feminino entendem
que ser emancipada e ter personalidade marcante é imitar os homens em tôdas
[sic] as suas qualidades e defeitos. A agressividade, o hábito de tomar
atitudes pouco distintas em público e muitas outras coisas vêm prejudicando
a beleza da mulher e tirando-lhe o predicado que mais agrada os homens: sua
feminilidade. A faculdade de ser diferente dos homens em atitudes, palavras,
mentalidade. (Palmer, 1960).
domingo, 11 de dezembro de 2011
Algumas tirinhas...(Menina não pode!)
Analisando umas colunas do caderno "Ilustríssima" da Folha de SP, achei umas tirinhas muito interessantes de um blog mais interessante ainda...
Compartilho com vocês, porque acho que, assim como eu, vão achar o máximo. As tirinhas dessa autora refletem bem um certo estereótipo feminino, aquilo que está em voga na vida de certas mulheres, e o que os outros pensam disso.
Bem, resumindo, essa semana vocês terão algumas tirinhas de presente. Aproveitem! E comentem!!!
Compartilho com vocês, porque acho que, assim como eu, vão achar o máximo. As tirinhas dessa autora refletem bem um certo estereótipo feminino, aquilo que está em voga na vida de certas mulheres, e o que os outros pensam disso.
Bem, resumindo, essa semana vocês terão algumas tirinhas de presente. Aproveitem! E comentem!!!
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Modernismo e Romance de 30
Não sei se todos sabem, mas existe a maior discussão entre os críticos literários, a respeito de o romance de 30 ser ou não considerado engajado com as propostas modernistas de 20.
Alguns admitem que na década de 30, o que se fez foi dar um passo à frente na literatura, aproveitando as propostas dos modernistas e imprimindo nelas uma outra forma, mais consistente até, de se retratar a realidade, de se perceber o mundo, dentro, é claro, de uma ótica nacional.
Mas há ainda, os que não consideram o romance de 30 como uma continuidade de idéias anteriores; a literatura nesse período seria então, algo novo, ou como já disseram, seria uma espécie de "novidade na velharia".
Alguns escritores, como Graciliano Ramos, por exemplo, não consideravam as idéias modernistas como algo aproveitável à nossa literatura; de acordo com o autor, as propostas de 20 eram bobagens e não serviam para consolidar nossas letras. Rachel de Queiroz também não se considerava seguidora ortodoxa do projeto literário de 20; algumas coisas foram aproveitadas, mas a forma de se fazer literatura, talvez tenha adquirido de fato uma nova forma, e peculiarizado aquilo que se convencionou chamar de Romance de 30, ou Regionalista, Intimista, Psicológico...
O fato é que, como diz Luís Bueno (e eu concordo plenamente), a literatura do decênio de 30, mostrou-se, ao mesmo tempo, vanguarda e diluição. E nas palavras do autor, "Tal análise, parece-nos, ainda hoje, como essencialmente correta. É fato que a década de 30 deu-nos algumas das obras mais realizadas e alguns dos escritores mais importantes da literatura brasileira".
A literatura contemporânea e os best-sellers americanos, que me desculpem, mas o projeto literário desenvolvido nas décadas de 20 e 30, no Brasil é claro, me fazem pensar o que a literatura é capaz, de fato, de fazer nas nossas vidas. Não serviu apenas só para me tornar consciente de certas realidades concernentes ao contexto social brasileiro, mas serviu também para ver o ser humano sob o viés psicológico e perceber que isso vai muito além de qualquer contexto social, de qualquer cultura ou região. A literatura brasileira desse período abrange todos os tempos, todos os espaços, pois o que ela faz nada mais é do que falar do ser humano. E isso me instiga e me envolve muito...
Alguns admitem que na década de 30, o que se fez foi dar um passo à frente na literatura, aproveitando as propostas dos modernistas e imprimindo nelas uma outra forma, mais consistente até, de se retratar a realidade, de se perceber o mundo, dentro, é claro, de uma ótica nacional.
Mas há ainda, os que não consideram o romance de 30 como uma continuidade de idéias anteriores; a literatura nesse período seria então, algo novo, ou como já disseram, seria uma espécie de "novidade na velharia".
Alguns escritores, como Graciliano Ramos, por exemplo, não consideravam as idéias modernistas como algo aproveitável à nossa literatura; de acordo com o autor, as propostas de 20 eram bobagens e não serviam para consolidar nossas letras. Rachel de Queiroz também não se considerava seguidora ortodoxa do projeto literário de 20; algumas coisas foram aproveitadas, mas a forma de se fazer literatura, talvez tenha adquirido de fato uma nova forma, e peculiarizado aquilo que se convencionou chamar de Romance de 30, ou Regionalista, Intimista, Psicológico...
O fato é que, como diz Luís Bueno (e eu concordo plenamente), a literatura do decênio de 30, mostrou-se, ao mesmo tempo, vanguarda e diluição. E nas palavras do autor, "Tal análise, parece-nos, ainda hoje, como essencialmente correta. É fato que a década de 30 deu-nos algumas das obras mais realizadas e alguns dos escritores mais importantes da literatura brasileira".
A literatura contemporânea e os best-sellers americanos, que me desculpem, mas o projeto literário desenvolvido nas décadas de 20 e 30, no Brasil é claro, me fazem pensar o que a literatura é capaz, de fato, de fazer nas nossas vidas. Não serviu apenas só para me tornar consciente de certas realidades concernentes ao contexto social brasileiro, mas serviu também para ver o ser humano sob o viés psicológico e perceber que isso vai muito além de qualquer contexto social, de qualquer cultura ou região. A literatura brasileira desse período abrange todos os tempos, todos os espaços, pois o que ela faz nada mais é do que falar do ser humano. E isso me instiga e me envolve muito...
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