segunda-feira, 25 de julho de 2011

Eu e o feminismo

Não preciso dizer que, por ser mulher (e justamente por isso), é que sou favorável as causas feministas. Sou feminista não no sentido oposto aos machistas, mas sim no sentido de me sentir responsável por tudo o que diz respeito as mulheres, de maneira geral.
Sou feminista não porque acho bonito, chic ou legal; sou feminista porque, infelizmente, sou fruto de uma sociedade com resquícios machistas, e que por séculos maltratou e ignorou o verdadeiro valor social que a mulher sempre mereceu ter.
Sou feminista porque, entre outras coisas, sinto muito orgulho em saber que mesmo sofrendo tanta opressão, as mulheres nunca desistiram de buscar seu espaço, de se encontrarem no mundo, e se reconhecerem enquanto gente, enquanto ser social.
Hoje, somos Clarice, Nísia, Marina, Cecília, Pagu, Tarsila, Lygia, Chiquinha, Zélia..... e uma lista infindável de protagonistas de um cenário no qual eles eram os regentes. E foi esse um dos motivos que me imulsionou a adentrar nesse movimento, porque ser feminista não é desconsiderar o homem como peça da vida em sociedade. Ser feminista significa estabelecer uma consciência de que nós, mulheres, podemos, e podemos muito. Vamos? Eu acompanho. Sempre!!

sábado, 9 de julho de 2011

Minha reação ao feminismo

Em virtude de algumas leituras medonhas (e que afirmo, desprezíveis) que fiz em um blog totalmente anti-feminista, realizo aqui a minha contestação.
Ao contrário do que muitos pensam, o movimento feminista (cujas origens remontam os EUA e Europa do séc. XIX e XX), não foi uma manifestação de mulheres que almejavam acabar com os homens, que não acreditavam nos valores do casamento e nem dos papéis de esposa e mãe, que muitas de nós estamos destinadas. Não, não é nada disso.
O feminismo, como tantas reações de cunho social, fazia campanhas pelos direitos legais da mulher, pela sua autonomia e integridade, pelos direitos trabalhistas, pela proteção da mulher contra a discriminação e, principalmente, contra a violência (doméstica ou não), licença maternidade, salários iguais, etc.
Ainda que eu seja favorável a todas essas reivindicações,  não considero que muitas das mulheres que se auto-intitulam "amélias" sejam inferiores ou que não merecem nossa admiração. Elas são valiosas para a sociedade sim, porque prezam pela instituição familiar, pela educação e criação dos filhos e pelo apoio aos seus maridos.
Mas acho que já passou da hora de pensarmos que ser mulher (e ser mulher feliz) é só isso, ou que precisa ser só isso, que é só as tarefas domésticas, é só a educação dos filhos, é só acompanhar o marido nas situações socias, etc. Ser mulher é querer ser livre também. Livre para realizar seus sonhos, livre para trabalhar onde quiser, livre para dizer não ao casamento (se for o caso), livre para decidir quantos filhos querer, livre para estudar, livre para viajar, livre para dizer o que pensa, livre para viver da maneira que julgar certa, livre para ser um indivíduo social valorizado e, acima de tudo, livre!!!!!!!! É perfeitamente concebível ser à favor da instituição familiar, do matrimônio, sem precisar ser submissa, ser sempre vista atrelada a figura masculina. Por que as mulheres só são gente quando estão associadas aos homens? O que nos impede de sermos autônomas, independentes? Por acaso nascemos iguais a eles? Por acaso criamos raízes das quais não é correto se libertar? Por acaso querer ter voz própria, pensamentos próprios é errado? Vai contra às leis religiosas, do santissimo sacramento do matrimônio? Acho que ao criar a mulher, não era bem isso o que o SENHOR pensou não.
Eu amo cuidar da minha casa, adoro certas tarefas domésticas, mas amo mais ainda estudar, ter acesso ao conhecimento, àquilo que permite abrir minha mente e me tornar capaz de dialogar com outras visões, outros pontos de vista alheios aos meus; amo poder me formar e ser dona do meu próprio dinheiro; amo poder ter autonomia nas minhas decisões; amo minha independência e, principalmente, minha liberdade, amo ser valorizada, em cada tarefa que realizo, e ser reconhecida por meus próprios méritos, méritos que conquistei (e ainda conquisto), mesmo sendo mulher (ou justamente por ser mulher!!). E amo, acima de tudo, saber que existiram mulheres antes de mim, que levantaram a bandeira de reivindicação e mostraram a sociedade o quanto ser mulher é significativo nesse mundo e que, por isso, é preciso ter leis que nos dêem voz, porque nossa sociedade ainda é pequena demais para reconhecer que a mulher deve ter direitos iguais aos homens, sem que isso seja oficializado juridicamente.
Às que querem ser só Amélias, paciência. Ás que querem ser mais do que isso, porque acreditam na capacidade e no potencial feminino, meus votos de agradecimento. É em vocês que eu acredito.

Dulce far niente!: Imagens que falam mais do que mil palavras...

Dulce far niente!: Imagens que falam mais do que mil palavras...

Imagens que falam mais do que mil palavras...







Mas afinal, do que ela gosta?

Não gosto quando estou despercebida,
Quando pareço opaca, vazia,
Sem rumo, sem mundo
Numa complena agonia, esquecida, sozinha.

Não gosto de solidão existencial,
De diálogo transcendental,
De dor inaugural,
De desamparo total.

Gosto, sim, de conforto,
De ombro amigo,
De amizade desmedida,
De viagem só de ida,

De literatura, de MPB,
De conversa boa,
Enfim, de você!

Por Thaís Silva

Contribuições do mestrando Renato Dering para o Dulce far niente

DESPERCEBIDO
Eu não gosto quando você não me toca
quando não me olha nos olhos
quando finge que eu não existo
e principalmente, quando passo despercebido

Eu não gosto quando você não beija
quando não me inclui em sua vida
quando finge que não sabe que eu te amo
e principalmente, quando desvia seu olhar

Eu não gosto disso e de muitas outras coisas
é preciso que você entenda isso
e ainda além, é preciso que saiba de mim.

Saiba do que eu sinto, perceba meus sentimentos
infelizmente eu não posso te culpar
por aquilo que nunca tive coragem de dizer.

E o amor? Totalmente despercebido...

Indignação

Eu não gosto quando são perseguidas,
Massacradas, e ridicularizadas.
Quando não são vistas,
Apagadas, dominadas.

Eu não gosto quando não podem viver,
De amor, de poesia ou de arte.
De compreensão, de apoio,
De paixão.

Eu não gosto quando não se ouve
Sua voz, seus gritos,
Seu pedido,
Sua agonia.

Eu só gosto (e apenas isso)
Quando elas se destacam.
E carregam consigo toda uma classe,
Que quer vida, quer amor e liberdade!

                                                Por Thaís Silva

poeminha humilde. De Thaís para Marcel

Eu pensei que não poderia te amar
Mas o pior, é que eu não posso.
Não posso, porque te amo.
E como nossos caminhos insistem no mesmo sentido,
Só me resta te amar. Te amar, te amar...
 
 
PS.: Uma forma de parodiar meu amigo R. Dering!rs
 

quinta-feira, 7 de julho de 2011

"A boa ficção tem muito mais peso do que a modesta realidade".

É com essa frase singela, mas muito significativa, de Maria Luíza de Queiroz (irmã de Rachel) que reconheço o grande caráter da literatura. Talvez seja esse o fator que justifica a grandiosidade de obras literárias de chunho social, que, mesmo abordando temas que nos são tão recorrentes, tão familiares, ainda assim essas obras conseguem nos arrancar de nossos confortos e nos comovem, nos chocam, nos instigam.
Como ler Jorge Amado sem se comover? Sem se sentir tão parte deste mundo e, ao mesmo tempo, tão alheio a ele? Como ler Erico Veríssimo e não se deixar conduzir por uma viagem no tempo, num período em que as cidadezinhas do interior tinham mais valor; num contexto em que a política era questão de honra; numa época em que se tinha gosto por ouvir boas histórias?
Isso tudo é característico na Literatura. Essa transposição para outros lugares, não para perder o leitor, mas justamente para situá-lo naquele contexto que lhe é de origem. Pois ao ler Machado de Assis, se entende o porquê de tantas mulheres usarem a dissimulação como hábito de vida (elas precisavam sobreviver de alguma forma!); é em Graciliano Ramos que se compreende o verdadeiro valor de uma propriedade; e é em Rachel de Queiroz que se aprende a verdadeira alegria de viver: a liberdade (em todos os sentidos que essa palavra consegue abarcar).
Amemos a literatura, então.Pois ela consegue pesar muito mais do que uma singela realidade...

terça-feira, 5 de julho de 2011

"[...] Ninguém tão Brasil quanto ela"

"Louvo Rachel, minha amiga,
Nata e flor de nosso povo.
Ninguém tão Brasil quanto ela,
Pois que, com ser do Ceará,
Tem de todos os Estados
Do Rio Grande ao Pará.
Tão Brasil quero dizer
Brasil de toda maneira
-brasílica, brasiliense,
brasiliana, brasileira."
                             Manuel Bandeira

RQ

Ela foi aquela que soube viver de acordo com seus preceitos; modificou e contibuiu significativamente, com a trajetória e os rumos da literatura brasileira; amiga de Jorge Amado e José Lins do Rego, mostrou-se preocupada com questões sociais e interessada, acima de tudo, no ser humano, em suas ânsias em todas as esferas de realização.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Rachel de Queiroz em "Tantos Anos"

Falar sobre a escritora Rachel de Queiroz, por si só, já me fascina. Agora, falar sobre a pessoa, a mulher, Rachel de Queiroz, é sensacional.
Depois de ler umas breves páginas sobre sua história de vida, contada por ela mesma e por sua irmã, Maria Luíza de Queiroz, descubro que por trás da escrita feminina, existia uma guerreira, uma corajosa, uma mulher totalmente desinibida.
Tal foi sua desibinição que, num episódio muito curioso, quebrou uma sombrinha nos ombros e nos braços de um sujeito, justamente por ele ter dito coisas horríveis a respeito dela e de sua obra prima, O Quinze.
Onde já se viu, criticar um trabalho tão bem feito e tão verdadeiro como o dela? Que respira preocupação com as questões sociais e revela um novo olhar sobre o mundo, sobre a sociedade.
Mas o que mais me chamou atenção nisso tudo, foi o fato de essa mesma mulher, Rachel de Queiroz, ter se recusado a fazer as modificações num de seus romances, João Miguel, proposto pelos policiais, representantes da ordem de um Estado, em plena ditadura brasileira.
Foram tempos difícies, aqueles. Mas Rachel, tão mulher que era, se recusou a cortar certas passagens de seu romance, assim como nunca deixou de participar da política e de demonstrar aos outros sua liberdade de pensar.
Ela queria ser livre, pensar por si só, ter suas próprias idéias, seus conceitos.E só me inspira, a cada dia, a aprender a ter coragem e a ousar, talvez não tanto quanto ela, mas a dar uns passos mais largos de vez em quando...