Se alguém vivenciou (literalmente) a leitura de A Cor Púrpura, então sabe do que estou falando.
Ser mulher, por si só, já significa desafios. Ser mulher e negra, é praticamente viver numa corda bamba...
Mas quando tudo parecia perdido, quando nada mais parecia valer a pena para a vida de Celie, eis que surge um pingo de esperança. A pobre moça que vivia sob as piores condições de opressão, violência, desrespeito e dominação, vê na amante do próprio marido, uma possibilidade de redenção.
Através de Shug Avery, Celie descobre que tem força, que pode lutar pela vida, que é uma mulher incrível e que não precisa apanhar e sofrer, porque não veio ao mundo para isso.
E depois de apreciar uma narrativa com tantos ensinamentos, é que a gente se pergunta de onde surgiu a noção (a equívoca e desumana noção) de que o ser humano só tem sentido se for dono de alguém, se depositar no outro o sentimento de propriedade. Se fizer do outro, aquilo que quer para si mesmo...
Por essa e outras razões é que "A cor púrpura" é, definitivamente, uma leitura redentora. Pois nos convida ao ritual de receptividade da obra, e nos possibilita mergulhar numa síntese de valores e sensibilidade, abarcando aquilo que nos é desconcertante e transformando-o na máxima possibilidade de transcedência. Porque afinal, "para escrever, o aprendizado é a própria vida!".
Gostei: "de onde surgiu a noção (a equívoca e desumana noção) de que o ser humano só tem sentido se for dono de alguém"
ResponderExcluirMuito bom mesmo Thaís!!! ;D