Volta e meia a gente ouve por aí alguém dizer que certos livros não se lê. Tamanho é o preconceito e a estigmatização que existe e que está por trás de certos nomes literários.
Paulo Coelho é um deles. Isso pra não citar os famosos best-sellers norte-americanos, como Aghata Chrstie, Sidney Sheldon, Marian Keyes, Meg Cabot, etc etc.
Penso que para os amantes desse tipo de livro, a literatura não é analisada sob um viés estético ou teórico; sob a aproximação com alguma tendência literária ou rompimento com certas doutrinas acadêmicas. Para essas pessoas, literatura é o que elas lêem.
Independente do autor, do seu estilo, de sua aceitação pela crítica de forma geral, o leitor será amante e fiel daquela obra que conseguir compartilhar com ele, seus ideais de vida, suas posturas ideológicas, seu modo de conceber a realidade.
Eu, por exemplo, julgo extremamente pertinente quando alguém diz que tal livro faz parte de sua estante porque de alguma maneira, ele consegue ler a si mesmo na obra que tem em mãos.
Ademais, que não sejamos ingênuos em defender a noção de que ler ficção é fugir da realidade, ou ainda, que ler best-seller é conseguir um meio de abstrair dos problemas cotidianos... Isso tudo é balela.
Ao contrário, ler é colocar-se em total sintonia com o mundo, seja porque o livro nos torna mais conscientes de nossa realidade, seja porque uma obra literária tem o poder de nos confrontar, de questionar nosso modo de pensar, nossas concepções, nossas ideologias.
Logo, seja o livro que for, uma obra será designada como literária a partir das impressões do leitor. Deixemos de lado o conceito de cânone ou de literatura menor. E que a gente possa se entregar aos encantos daqueles que, por meio da palavra (de sábias palavras, eu diria), nos cativam, nos acolhem e nos entendem...